quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Cama. Céu. Leito. Véu.

Estridente, mente Joana.

Coberta de razão, às 3 da manhã, observando o céu.

Estridentemente, Joana.

Resolveu contar estrelas. Contou estrelas, os dedos das mãos, os dedos dos pés.

Contou quantas vezes se perdeu, contou nas estrelas quantas lágrimas deixou escapar, cortou a realidade.

Coberta de ilusão, às 4 da manhã, observando o infinito crítico.

Observando estrelas, sem muitas esperanças, lembranças de Bilac, lembranças da noite passada.

E disso só se tinha 10 minutos.

Estridente, mente, Joana.

Joana mente para si e o pior de tudo, é que Joana acreditava.

Joana mente para as estrelas.

Joana gritava o mais alto que poderia, e por isso, o mundo a escutava.

Estrondosamente, mente Joana.

Acorda.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Ela se fez forte. Deixou Paris. Levou paris embora, levou a brisa, levou-se fora d'alí.
Juntou seus cacos, deixou pelos caminhos os abraços e esqueceu de tudo quanto era imagem que podia lhe aflingir.
Uniu-se em prantos. Se dispersou em cantos. Levou-se mais uma vez, fora daqui.
Atou-se a ela. Fez uma trança, catou as malas, tomou sua última xicara de café.
Sentiu-se pela primeira vez em morte, forte. Sentiu-se pela primeira vez.
Sabia que de tudo o que tinha, o que havia era só ela. De alma pra fora, de dentro da alma, tudo era.
É a partir d'alí.
Nesses caminhos, nessas circunstâncias encontrou um rapaz de mesma bagagem. Juntou-se as tralhas, olhou de canto com desprezo. Longe de mim.
Decidiu levar em frente de frente o que lhe passava em mente, que era nada mais do que ir e ir.
Foi-se.
O rapaz a segui-la por migalhas no caminho, se pôs a chamar a atenção da pariense mal educada.
"O que quer? Morra, suma daqui."
Juntando-se de migalhas, pouco a pouco, ele se impôs a moçoila. Ela se desdenhou e deixou que ele a fizesse fraca. Fraqueza, daqui em diante é declinio.
De declinio por declinio, por fim a moça percebeu seu ápice. Seu ápice mais do que de morte, de consolo.
O rapaz desatou suas mãos quando ela menos esparava e, ao abrir os olhos, ao abrir o sorriso, ele se fez ir na luz da lua. Ele se foi.
Ela se consolou aos braços de outros, se consolou as mãos de outros que inigualavelmente eram melhores. Porém, o desprezo aséptico da moça a fez perceber que a sua força estaria presente dentro de si.
Ela retornou a Paris.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Adocicados lábios, eu te encontrei.
Doce na manhã ao me beijar. Luar, as noites a te admirar.
Adocicados lábios, espero te rever.
Assim que divides o céu com o sol, espero que a luz que te refaz seja minha e sua.
Dividiremos a terra, dividiremos a cama, dividiremos seus lábios.
Adocicados lábios, espero que entenda
Que cada noite em claro, telefonema
Cada verso mal feito, cada medo
Que de ciumes foi feito meu amor por você.
Adocicados lábios, sinta-se em casa
Quando em meus braços se deitar a velar sua alma
Quando em teus olhos eu quiser repousar
Adocicados lábios, lábios adocicados
As ondas do mar insistem em quebrar no leito
Os olhos dos amantes insistem em admirar a lua
As mãos perdidas insistem em procurar as suas
Seus adocicados lábios, de encontro aos meus lábios amargos
Amargurados, que de amargura deixaram de ser
Divida teu doce com quem quer que seja, que assim como as ondas, assim como a noite, assim como a alma, assim como as estrelas, os pobres amantes e a velha lua
Meu amor surge e insiste em te querer.