terça-feira, 12 de novembro de 2013

Um PRO sorriso

Para!
Um sorriso. Só. Que dá forma às curvas, que dá vida às falas, que permeia e reforma. A forma do rosto de mil formas. O molde, o encaixe. Sutil.
Aura sublime, concreta e personificada na boca. Na tua. Me encontro perdida na sua solidão.   Poderia me deixar levar. Revelar e relevar a negação. A solidão do seu “só” é mais sozinha que do meu. Faz-me recuar. Faz-me temer. A dualidade me cala e me afaga. Supre-me.
O sorriso que alimenta meu silêncio. Que dá medo a meu ver. Que dá medo, a meu ver. Suprima.
Sublime. Silêncio. Sombra suave e solta. Beira os lábios, beira o timbre do prazer de ouvir a voz arrastada. Permito-me sonhar, pra que volte. Pra que volta e me causa revolta? Me ocupa. Paro. Só um sorriso. Seu.

sábado, 19 de outubro de 2013

Face 1

Aos poucos, os pontos de luz vão sumindo. Os sons da cidade são cobertos pelo silêncio, como um véu. A fumaça do cigarro que acaba de acender preenche a sacada, enquanto seus pensamentos preenchem as lacunas deixadas pelo silêncio. Perde-se aos poucos dentro de si, debaixo do leito da lua. Sente-se como se fosse o leito da lua. E o vento. O vento.
Flutua.
Sabe que pode ser não apenas parte da noite, como já se sente membro daquele céu, de todo o espaço, do seu próprio espaço. Espaço antes preenchido pela escuridão da noite, agora lapidado e colorido nos tons das memórias mais recentes.  Constrói aos poucos suas histórias. Seu começo, meio e fim. Seu começo meio fim.
Tenta tingir suas memórias de vermelho. Tenta fazer desabrochar algumas rosas. Tenta adivinhar em qual dessas paredes que o amor decide aparecer. Não vê.
Tenta uma nova cor. Um azul. Cor do céu de dia, cor da vontade de voar. Não vê.
Até todas as cores inimagináveis serem sobrepostas, atingindo um branco. Por fim, percebe que, de olhos vendados para a vida, jamais verá o essencial.
As cores da vida, as cores do interior. As cores das faces e dos olhos dos apaixonados.
Grito.

sábado, 20 de julho de 2013

20/07

Presente. Presentes presentes. Presentes passados.
Memórias. Fantasmas.
A vida puxando a morte pra debaixo do tapete. Escondendo a memória com idéias. Fantasias. Fantasmas fantasiados.
Preenchendo o vazio. Procurando na estante aquele instante perdido. Que só se acha na memória. Vaga.
Breve. Leve. Curto. Breve.
O que não houve à quem não me ouve. O que não houve nem há de haver. Nem "A", nem nada.
Dois picos sem ponte. O vazio do presente. O futuro não há de haver.
Ou haverá?

segunda-feira, 8 de julho de 2013

O espelho e o Machado

...a morte do mundo jamais seria a morte do homem. Díspares.
Se perde e se limita.
Ele veste as vestes do mundo. Acha que é o que parece quando se vê. Esquece de si e se perde por dentro. Se perde por fora.
O "sensível" e o "inteligível". Controvérsia a ponto de perder a própria sanidade.
Perder a simplicidade, a nudez. Confunde os próprios pés com os caminhos. Deixa-se levar pelas vozes externas. Esquece de se ouvir enquanto seu corpo grita. Sensibilidade perdida.
Ao toque.
Ao trivial.
A folha daquela árvore vem bailando no ar. Pousa na terra fofa sem fazer estalo algum. Ele a vê.
Se esquece de dormir enquanto a morte predomina na penumbra da lua.
Um véu em pranto é derramado na sensibilidade de seus seios fartos.
A morte da alma original se revela no nascimento de uma alma decadente em sombras.

terça-feira, 12 de março de 2013

Amor e ciúmes é como um beijo na guerra. Uma guerra por trás de um beijo. Um beijo por obrigação. Não é amor.
Um amor de Byron, Heine, esse sim, o amor. O Amor livre, anárquico. Não Amor por amor, apenas uma palavra.
Ciúmes. Corrosivo, mentiroso e suplicando punição. Da invasão a morte. Do desespero ao suicídio. Da leveza primitiva, a capa protetora e manipuladora social. Onde há ciumes, jamais terá amor.
O que era Amor e agora é amor. A predisposição a punição e ao monopólio de uma vida.
"Até que a morte os separe". Outrora imaginaria a morte com mil garras sangrentas, portanto, a que devo afagá-las agora?
O amor, então, deixou de ser sentimento para ser uma manipulação estatal, religiosa e sexista.
A mulher das vestes mais bonitas, cobrindo as mais belas formas. Ao seu lado, seu "mestre". Por trás dele, a face de uma inimiga desconhecida, que obviamente, só existe dentro de sua propria mente.
Amor esquizofrênico? Não é amor. É ausência dele.
Amor aparente, também não é amor. É manipulação.
Primitivo e carnal. Com vontades súbitas, inexplicavelmente, um dia foi. E se foi.
A bela mulher que assina seu contrato de venda.
Intervenções politicas e religiosas rompem fios grossos da naturalidade entre os seres.