segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Te ver acordar. Deixando a mágica para trás, que foi junto a lua. Te ver abrir os olhos na realidade. Te ver assim.
Nos sonhos te perco. Em seus sonhos me perco. Na vida, podemos compartilhar essa mágica. Nossa mágica. Nossas chaves. As suas minhas, e as minhas suas, então.
Te quero para esconder seu sorriso em meus lábios as 6 da manhã. Te quero pra dividir o tempo e a caneca de café quente. Olhando pela janela, vendo tudo o que deixamos passar da vida fria la fora. O calor dos nossos corpos juntos, aqui dentro.
Ao te ver partir, deixo. Deixo ir. Deixo ver até onde é capaz de ir sem olhar para trás.
Ao ver e ao pensar em ti naquele momento chamado todas as horas. Perdendo tempo. Ganhando um pouco de você a cada dia. A cada flor e cada beijo. Cada um. Cada nós.
É como fechar os olhos e embarcar em você. É como abrir os olhos e encher de mim em você. É como respirar você, viver você. Com você. Em você. É sentir sem sentimento. É essa mágica de sinais. E é tudo nosso.
Quando a lua cai existe uma certeza no céu. Você desaparece de mim e volta com minhas chaves. Com minhas chaves e seus dedos ensanguentados. Ainda não entende que a guilhotina e o frio lá fora, foram feitos pra te trazer de volta a prisão dos meus seios. Deixa que eu cuido de você.
Poderia cobrir suas mãos, seus olhos e seu pensamento. E o faço, assim como você em mim.
Nos dois em nós dois.


quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Nocturne

"É um não querer mais que bem querer"
Mantenha longe para o bem. Esteja perto, seja melhor ou seja breve. Seja mal. Meu mal. Meu bem.
Meu medo. Meu risco.
Um motivo além para se crer no fato. Um motivo além de crer. Um motivo a mais para se querer. Um motivo a menos para acreditar que seja. E seja ou não. Apenas, você.
É escuridão e claridade. É lua cheia na noite sem estrelas. São seus olhos. São seus medos. São seus pensamentos, onde não posso mais tocar. Onde nunca pude.
Certeza e incerteza, perturbação. Penumbra, sombra e claridade. Lua reluzente. O medo de viver. Longe.
É evidente o meu pavor. É evidente sua dúvida. Espere até que a lua apareça. Estarei te admirando até que o sol apareça. Seu sonho. Meu sonho. Me deixa ver? Me deixa ser? Me deixa estar?
Segure firme em minhas mãos e me deixa presa ao seu presente. Não quero seu futuro e nem passado para se lembrar. O agora. Nosso.
Um segundo e nós. Um segundo a mais e nós. Não te quero para sempre. Apenas, te quero. Bem ou mal, te quero.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Coincidencia. Destino. Qualquer coisa.
E eu que achei seus olhos tão convidativos, tão chamativos. Poderia me ver pela janela.
Uma palavrinha qualquer e alguns milhares de significados que ficam presos atrás da lingua. Um pouco mais fundo. Talvez, atrás do próprio peito. Ou do desejo.
Mexe no cabelo, cruza as pernas. Olhar firme.
Cruza os braços, olha suas pernas e retoma seu olhar sensitivo para mim.
Não tinha dúvidas. Eu sabia disso também.
Eu não tinha certeza. Ele tinha por mim.
Pensei no que dizer e não. Ele parecia tropeçar nas palavras. Parecia ter o que dizer e não ter ao mesmo tempo.
Uma ou duas horas assim para ter certeza de que era você. É você.
Alguns suspiros, risos sem graça de canto de boca. Olhares, olhares e mais olhares. Pode me entender? Está vendo aqui? Pode ver?
Aquele olhar espelho. Posso sim, posso me ver em seus olhos. Que incrível. Eu na sua janela.
Talvez um aperto de mão, um aperto no ombro, um aperto. Talvez um abraço, um beijo que escapa e vai para o lugar errado. E escapa.
Um ciuminho bobo também, de alguma amiga, de algum livro, de alguma tarde fria sem nada pra fazer.
Às 23:00, às 00:00 horas. Aqui e alí. Eu sei que pode.
E assim foge. Assim volta. Assim sorri e desaparece. Assim se entrega e desintegra. Deixa mais um pouco sua imprevisibilidade de lado.
Deixa o "sim" ou o "não" até que eu te conheça. Vai ter oportunidades de me surpreender.
Um milhão e meio de pensamentos efemeros. Um milhão e meio de perguntas com respostas. Dois milhões de gestos com medo de repúdio ou não afetividade.

Eu te odeio, apenas isso. Odeio o bastante para ser obsecada.
Tardes juntos. Tardes e noites. Tarde da noite. Noites e dias. Um amontoado de tudo. De você, então...
Uma bagunça. Uma grande bagunça de você. Você é uma grande bagunça. Bagunça, para mim, necessária.
Alimenta o pensamento, a ira, a vontade e as borboletas.
Eu sei que sou um mundo só. Sei também que quando está comigo esquece o mundo lá fora. Se não, para que tanta chuva?

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

“Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo. Eu bati a 200 km por hora e estou voltando a pé pra casa, avariada. Eu sei, não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos. Talvez este seja o ponto. Talvez eu não seja adulta o suficiente para brincar tão longe do meu pátio, do meu quarto, das minhas bonecas. Onde é que eu estava com a cabeça, de acreditar em contos de fada, de achar que a gente muda o que sente, e que bastaria apertar um botão que as luzes apagariam e eu voltaria a minha vida satisfatória, sem seqüelas, sem registro de ocorrência? Eu não amei aquele cara. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada. Não era amor, era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, eram dois travesseiros. Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno. Não era amor, era sem medo. Não era amor. Era melhor.”



(Divã, Martha Medeiros)

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A noite caiu como um véu negro em seus pensamentos amargos e efemeros. Esperou a noite e ela veio. Assim ela esperava e almejava mais. Ela sempre esteve alí, o céu é que não a vê.
Teve como refúgio seus medos e desejos. Seus medos que lhe proporcionaram o nada. Deles, não tirou absolutamente nada. E seus desejos, estes que deixaram-lhe com seus pensamentos, lembranças e algumas marcas no pescoço, talvez.
Naquela noite, não esperava nada. Não queria nada além de seu costume. Nada além de suas músicas. Nada além de seu corpo tocando o vento. Ninguém por perto.
Ao telefone não atendia. Ao seus pensamentos não atendia. Apenas sentia e ouvia o som do vento.
Obrigou-lhe a abrir os olhos. Obrigou-lhe sorrir, quem sabe. Esperava algo?
Três passos a frente e alí estava o vento. Alí estava a brisa, alí estava seu estado mais pacifico possível. Estava sua calma, sua angustia. Estava seu medo e sua segurança. Estava sua paixão e sua dor.
Tocou-lhe os cabelos, tocou-lhe todo o corpo e apagou seu cigarro. Um sorriso como resposta, apenas. O vento.
Se lembrou do passado, gastou seu futuro alí. Fechou as mãos e os olhos. Suspirou profundamente e deixou que a música entrasse em sua alma.
O vento cada vez mais forte. O toque cada vez mais forte. Os pensamentos. Tudo. Mais.
Poderia lhe visitar todas as noites. Perder o tempo. Perder a lua. Ninguém olharia pra ela.
Achava mesmo que seria esquecida pela noite. Achava mesmo que seria um simples objeto. Assim como lhe tem a obsessão, mas lhe falta o objeto. Um objeto. O objeto.
Tente acalmar a noite antes que a leve.
Juradeira. Desgraçada.
Acha que o mundo acaba em sua mãos. Acha que o mundo começa em seus principios.
Maldita.
Apenas ela. O mundo inteiro é ela. E é dela. Para ela.
Jura. Se sente. Se perde em outros e se encontra nela.
6 dedos. 6 doses. 6 medos. Sem aflição.
Se guarda para o perigo. Se vende ao pecado. Se troca por cigarros. Se ajoelha aos pés do inferno.
Um suspiro a cada grito. Geme a cada desespero. Sorri e espera a chuva passar para poder ser de novo.
Quer, te espera. Destruidora, juradeira e desgraçada. Maldita e maldita.
Muito prazer em conhecê-lo.

Milord

Allez, venez, Milord!
Vous asseoir à ma table;
Il fait si froid, dehors,
Ici c'est confortable.
Laissez-vous faire, Milord
Et prenez bien vos aises,
Vos peines sur mon coeur
Et vos pieds sur une chaise
Je vous connais, Milord,
Vous n'm'avez jamais vue
Je ne suis qu'une fille du port,
Qu'une ombre de la rue...
Pourtant j'vous ai frôlé
Quand vous passiez hier,
Vous n'étiez pas peu fier,
Dame! Le ciel vous comblait:
Votre foulard de soie
Flottant sur vos épaules,
Vous aviez le beau rôle,
On aurait dit le roi...
Vous marchiez en vainqueur
Au bras d'une demoiselle
Mon Dieu!... Qu'elle était belle...
J'en ai froid dans le coeur...

Allez, venez, Milord!
Vous asseoir à ma table;
Il fait si froid, dehors,
Ici c'est confortable.
Laissez-vous faire, Milord,
Et prenez bien vos aises,
Vos peines sur mon coeur
Et vos pieds sur une chaise
Je vous connais, Milord,
Vous n'm'avez jamais vue
Je ne suis qu'une fille du port
Qu'une ombre de la rue...

Dire qu'il suffit parfois
Qu'il y ait un navire
Pour que tout se déchire
Quand le navire s'en va...
Il emmenait avec lui
La douce aux yeux si tendres
Qui n'a pas su comprendre
Qu'elle brisait votre vie
L'amour, ça fait pleurer
Comme quoi l'existence
Ça vous donne toutes les chances
Pour les reprendre après...

Allez, venez, Milord!
Vous avez l'air d'un môme!
Laissez-vous faire, Milord,
Venez dans mon royaume:
Je soigne les remords,
Je chante la romance,
Je chante les milords
Qui n'ont pas eu de chance!
Regardez-moi, Milord,
Vous n'm'avez jamais vue...
...Mais... vous pleurez, Milord?
Ça... j'l'aurais jamais cru!...

Eh ben, voyons, Milord!
Souriez-moi, Milord!
...Mieux qu' ça! Un petit effort...

(Milord-Edith Piaf)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Alguns minutos antes e eu poderia não mais crer nessa bobagem. Não lhe faz diferença, mas tenho sede por tua feiura. Não me olhe como se quisesse dizer algo, se quer, que diga. Eu espero atentamente. Sei que não diria, sei que não espera nada de minha parte, pois eu também não espero. Mova os lábios mais lentamente, por favor.
Não sabes, mas reparo em seus gestos, analiso suas formas e comparo seus dedos. Não deveria, guardo e me recuo.
Não sabes, mas penso em você enquanto mordo meus lábios. Bobagem pra um homem. Desejo pleno de uma guria.
Não sabes, talvez nunca saberá, mas alguns segundos atrás e eu tentaria te prender mais fortemente que em meus pensamentos. Não devo, guardo e me recuo.
Já em casa, me encontro com bebidas. E só, penso em você, esperando que apareça no crepúsculo. Penso em você um minuto após a meia noite. Penso e penso. Degustando meu whiskey fresco. Ah... Se fosse você.
Imagino como é sua esposa e vejo meu rosto em seu lugar. Imagino como seria. Imagino e imagino. Whiskey, whiskey.
Espere e não lhe tenho respeito. Espere e verás o porquê. Fique um pouco, ainda não é sua hora. Escape entre meus dedos, imaginação e braços. Não quero lhe despir de razão.
Lavo minhas mãos. Espere.
Não há nada tão importante que não possa esperar. Espere.
Deixei, estive, esteve. Estivemos.
Nada de dor, nada dói, nada de tentar por tanto tempo.
O tempo. O dilema. A voz interior.
Ela disse que tudo isso era pecado. Ela disse que tudo isso passa rápido.
Se livrou da hipocrisia e se prendeu ao medo.
Nada a declarar, após duas doses e meia. Nada mais. Nada além de um suspiro e mais um gole.
Deixou estar. Deixou, apenas. Lavou suas mãos assim como eu.
Ela se sentia distante, por mais que não quisesse, estava aqui.
Dançou o tango desesperadamente e suspirou por mais que nada lhe fosse lícito. Espere.
Seu olhar. Fugacidade plena, exorbitante. Meia noite. Meio dia dos diamantes.
Ao ouvir a valsa, esperou que o tempo percorresse seu corpo. Um dedo a mais. Mais uma dose.
Ela se enfrentou. Enfrentou o medo. E mais um suspiro pleno de dor.
Apenas esperou até que o tango acabasse, e assim, pudesse ouvir sua valsa interior.

sábado, 17 de julho de 2010

Eu morreria por tudo antes. Morreria por tudo e qualquer coisa. Mas hoje... Ah hoje...
Não morro de medo, não morro de doença, não morro de tédio, nem de excesso. Não morro de tentar, não morro de cansaço. Não morro de frio, nem de calor. Não morro de tristeza, não morro de felicidade. Não morro até da própria morte. Não morro de estar, não morro de ser, muito menos de não ser. Não morro se não comer, não morro se não querer, e principalmente, não morro se não tiver. Não morro de nada. Nada MESMO. E não morro também de amor, pois com você, tenho isso em excesso. Mas bem, esqueci de uma coisa que ainda me mata. Ah, pois eu morro de saudades. E essa saudade ainda faz de mim um ser mortal. Saiba você, que é tudo culpa sua. Caso o contrário, seria alguém sem amor, sem sentimento, sem compaixão, sem sensibilidade, sem vida, sem cor nem cheiro. Seria apenas um ser imortal. Apenas um ser imortal qualquer. Pois esse amor e saudades é que me tornam tão viva. Viva assim a sua espera.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O nunca. Nunca precisei do um você pra ser um eu. Mas hoje, preciso mais de um eu sem você, do que de você em mim. Não sei, mas ausencia.
A ausencia. Ausencia do eu, ou do você, me deixou em um incompleto ser.
Pretendencia, prepotência e nada finalizado. Ser. Poder. Haver. Eu?
Loucura. Cair, cair.
Eu não sou eu sem uma outra parte do mundo. O mundo é feito de dois, a partir do momento que você se reconhece como um. E eu? Onde eu fiquei sem ser a alguém? Fiquei sem ser metade de um nós.
A indecisão. Pra mim já basta a falta de um amor. Já basta a falta de um querer. A falta de um eu ser.
Hoje, nós não somos, porque eu não sou. Nem eu serei caso você não seja um pouco do eu. Um eu, com um você, seria um nós completo. Mas agora, encontro-me apenas eu e meus nós na cabeça e na garganta.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O hoje pode doer, mas ele já foi amanhã.
Se o agora me pede pra prosseguir, peço a ele que tenha paciencia, pois meu andar sempre foi assim desajeitado e lento.
Espero que essa humildade de severas palavras não ditas estejam ainda presas nos labios do silencio, esperando uma explosão para que o estopim final seja o início delas.
E que estes medos que dizer estejam entrelaçados a outros medos já vistos anteriormente.
Tenho em mente que nada mais mudará. E se é de ser, que seja logo. Mas não tão rapido, tenho medo de efusão.
Esteja. Seja. Mas não deslumbre com as meias palavras meio ditas.
O ontem morreu ao anoitecer. O hoje nasceu ao momento que abri os olhos. Tenha medo. Sinta coragem. Seja. Morra de ser.
Doa a quem doer, e seja breve. E seja lento pra quem te queira.
E seja amor e seja ódio. Seja. Ou não.
Independente do seu silencio, sinto hoje o amargo gosto dos lábios colados em não poder dizer nada.
Enquanto aquele silencio que diz, tenho o que não diz como refugio. E tenho sua imagem como precipício.
Afogo-me e tento não olhar pra mim e nem pro mundo. Mas tendo a ler sobre ilusórios amores que fazem com que meu mundo seja o seu e se choque em palavras nunca ditas neste mundo que chamamos de "real". Será real mesmo? O que é real?
A realidade pra mim neste instante, é terminar uma xícara de café e pensar sobre as bobagens ilusórias de um amor que nunca existiu.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Preciso conversar com você, psicóloga. Preciso dizer o que sinto neste momento. Preciso desabafar. Tive sede. Sede de liberdade. Sede de ser eu, de ser minha, de ser livre. Nesta minha sede de liberdade, me senti solta por caminhos aos quais me deparei com pessoas mais livres que eu. Entre elas, uma me chamou atenção. Seu nome, ainda não sei. Mas sua história, é a melhor de todas. Me impressiona. Me encanta. Quão maravilhada me deixo...
Um sorriso sempre no rosto. Não sei como é seu rosto assim sério, sério mesmo. Seus olhos sorriem juntos. E seu ar jovial me deixa com o espirito cada vez mais leve. Cadê o peso? Aquele? Da minha consciencia? Foi-se com seu sorriso brando, brisa leve. Brisa leve... Pode sentir? Eu sinto.
Eu tenho medo. Aquele velho medo. Dessa vez diferente, eu acho. Esse meu medo é exatamente tudo o que ele enfrenta. Sem medo. Esse meu medo me aprisiona, e faz de mim alguém frustrada. Ele? Bom... Ele me fala sobre frustrações. Mas não as dele. Ele não as possui. Ele fala das minhas. Diz que me dará animo, diz que preciso viver mais. Mais pelo tempo. Não bem pelas horas, mas... Pelo aproveitamento. Pensei em desconfiar como sempre faço. Pensei em ficar com mais medo. Mas dessa vez, vou dar lugar apenas a liberdade e a essa sede... Deixe-me beber do teu sorriso...
Ouvir-te falando, é como ouvir o som da liberdade. É como ouvir a música que toca ao fundo dos meus maiores desejos. Ver teus olhos, bem vivos, claros, vivos, vejo a luz. Deixa-me com sede da tua sede. Oh! Eu só queria segurar na tua mão e sentir o que você sente. Não por querê-lo. Eu apenas quero sentir sua liberdade. Quero tê-la. Quero cheirá-la. Quero senti-la. Não apenas saber que ela existe. A transparencia. A transparencia nos teus lábios. Mais uma vez, teu sorriso.
Ouço gargalhadas por entre as nuvens. Vejo os carros passando, a brisa por meus cabelos. Posso vê-lo sorrindo pra mim. Posso ver você feliz... Doce transparencia. Mas... Que medo eu sinto. Que medo. Medo de te não agradar. Medo de não ser sua felicidade. Eu apenas posso ser seu chão, você precisa decolar a qualquer hora.Um pouco da sua sorte, na sua louca vida. Medo. Medo. Pra que o tenho? E eu me considerava forte quando criança. Hoje, adulta, vejo que sou apenas uma criança. Cornetas? Trompetes? Sorrisos? Seu ar puro? Onde está agora? O que estaria fazendo enquanto aqui estou eu, escrevendo frias palavras e tomando capuccino? Todo esse espaço na sua vida é feito apenas por liberdade. E eu? Um pássaro preso ao seu medo, sedento por liberdade. Entende o que quero dizer?

domingo, 11 de abril de 2010

... Desesperadamente, elevei meus olhos ao primeiro ponto mais próximo de mim: o rosto. O desconhecido rosto. Já era noite, porém seu rosto estava totalmente nítido, e assim, ímpido pude ver o que meus olhos não quiseram ver antes.
Minhas mãos cada vez mais frias. Meus lábios já sangravam ao frio. Lábios esses que por vezes tocaram os seus naquela breve valsa da alma. Alma esta que não prevê o porvir. Óh lábios ensaguentados.
Seus olhos faziam queimar o gelo seco. A podre pedra da alma suja e sem valor. O coração gelo seco, as mãos petrificadas. O não. O sim. O nunca.
No tei sobre seus ombros, o vél ruivo. Cabelos. Vel feio, vel impuro. Impureza de uma mulher só. Não eram seus. Eram dela. Fechei os olhos. Quis pacientemente acreditar que tudo foi mentira. E era.
Acordei. Mais um pesadelo acaba aqui. Aqui jaz mais um pseudo-amor. Pesadelo-amor.
Já de olhos abertos pude sorrir, achando eu que iria chorar o mesmo sangue de meus lábios. O tempo me obrigou. A vida pede pra continuar...

quinta-feira, 18 de março de 2010

Se eu pudesse mostrar o que você me deu
Eu mandava embrulhar chamaria de meu.
Melhor forma não há, pra guarda um amor.
Então preste atenção ou me compre uma flor

Vem, me faz um carinho, me toque mansinho,
Me conta um segredo, me enche de beijo.
Depois vai descansar, outra forma não há
Como eu te valorizo, eu te espero acordar.

Se eu ousar te contar o que eu sonhei.
Pode ate engasgar, pagaria pra ver.
Melhor forma não há, pra provar meu amor
Eu te presto atenção tento ser sua flor.

Vem, te faço um carinho, eu te toco mansinho,
Te conto um segredo, te encho de beijo.
Depois vou descansar, não vou te acompanhar.
Espero que entenda.

Vem, te faço um carinho, te toco mansinho,
Te conto um segredo ou te encho de beijo,
Depois vou descansar, não vou te acompanhar.
Espero que entenda e volte pra cá.

(Tiê - Te valorizo)

... E enfim, aquele rosto veio. Veio de encontro ao meu, veio de encontro ao sol. Claramente pude ver seus olhos, seus lábios... E tão de perto, pude ouvir sua voz.
Talvez fosse impressão, mas seus olhos brilhavam mais que o normal, e eu conseguia olhar pra eles. Conseguia te tocar sem medo, conseguia, mesmo ali, abaixo do sol, ver o sol dentro de tudo que estava alí.
Deu-me sua mão, "vem". Inocentemente, aquele rosto indiferente me fez seguir por uma estrada sem fim, porém sem medo. Sem retorno, me vi presa, apenas contigo, rosto estranho.
Pude senti-lo, ainda o sinto. Seu cheiro era ainda melhor que a verdadeira aparencia de seu rosto, limpido, sem sombras diurnas.
E enfim, a janela não se tornara mais uma barreira. Infelizmente, olhei para trás e o perdi do meu campo de visão. Onde estará? Estou perdida neste caminho, ao qual, você me ensinou andar, porém, não me ensinou prosseguir. Volte. O sol está para sumir. Ainda quero ver a lua, se possível, ao seu lado.
A brisa insessante, se tornou um vento forte, batendo em meu rosto. Me machucava. O sol queria me queimar, queria me deixar aflita. O silêncio. O silêncio. O som do silêncio me incomodava mais do que mil vozes juntas, sem que nenhuma dessas vozes fossem a sua. E onde está? Onde? Eu não tenho sinais. Apenas o silêncio das mil vozes que não me importam. O silêncio de sua voz.

quinta-feira, 11 de março de 2010

... E a luz se abriu mais reluzente, como eu havia dito. Pude ver todos os detalhes do sol, batendo forte, cada vez mais forte em meu rosto. Rosto... E aquele rosto? Veja, aquele rosto... Está cada vez mais claro, e cada vez mais tenho a certeza que já o vi.
Agora, permito-lhe, rosto, que se aproxime de mim. Permito-lhe mostrar o que é você, quem é você, o que você quer aqui em frente a mim, na frente da minha janela, do meu sol. Não vou impedí-lo de dizer, quero te ouvir mais, agora. Ainda acho que já ouvi sua voz... Diga, diga.
O sorriso estampado. Por coincidencia, seus olhos brilham. A poça de água se seca, ela precisa de mais água.
Sinto um gosto amargo as vezes, e as vezes este mesmo sol me encomoda. Mas assumo gostar muito disso. Assumo gostar de sentir isso sempre que venho até aqui.
Assim que os olhos se abrem, assim que o sol sai no céu. Seguindo em direção a janela. Sentindo a espectativa. Vejo, os mesmos olhos. A mesma boca. Ouço, a mesma voz.
Deuses! Sinto que necessito de seu conhecido rosto desconhecido cada vez mais. Acho que, no momento, este é o único motivo que me trás a essa janela, a este dia, a este sol.

domingo, 7 de março de 2010

Impregnado no céu, a nuvem. No olhar, o medo. Nas mãos, a neblina da manhã fria.
Essa mão perde-se quando não está de encontro a sua. Esses olhos, perdem-se quando não estão abertos. Está nuvem, está prestes a cair em forma de mais neblina.
Hoje, não posso ver os horizontes. Não posso ver o mundo como antes, porém meus olhos estão abertos.
As nuvens não existem mais no céu, porém, a neblina não sumiu.
E isso tudo, porque minhas mãos ainda se encontram sozinhas, longe das suas.
E eu, que sempre quis ser apenas um folha em um espaço vago, hoje, sou apenas o espaço sem nenhuma folha. E se o dia decidir ser profundo em cada palavra, cada gesto, prometo fechar meus olhos e fingir que ao meu redor só existe o eu e eu.
As lembranças são as folhas, o medo o espaço, e o dia, sou eu mesma. Reconstruindo... E eu, que sempre quis ser apenas lembranças, hoje, sou apenas um medo sem lembranças. E se eu decidir seu profunda em cada palavra, cada gesto, prometo fechar meus olhos e fingir que ao meu redor só existe o eu e você.

sexta-feira, 5 de março de 2010

E não me deixe errar pela segunda vez. Pela terceira vez. Pela milésima vez.
E não me deixe levar pelas brisas recobertas de nuvens.
E que eu não acredite mais em meia dúzia de palavras, mas talvez acredite em um só gesto.
Uniformemente desenfreado. Uniformemente medonho e sem destino.
... E logo após sentir a brisa batendo em meu rosto, pude abrir os olhos e ver que o pesadelo havia acabado. Que o dia já estava bem no alto do céu. Que todo aquele "pra sempre", se foi em questão de tempos, de um pesadelo. Um pesadelo constante. Mesmo abrindo os olhos, as memórias me faziam recordar, me faziam querer sofrer por algo, que já não fazia sentido, então eu sorria pra poder deixar a luz do céu entrar dentro do meu corpo. Acreditava eu, que assim, meu coração poderia se derreter de todo o gelo que encobria sua circunferencia.
Meus olhos lacrimejavam. Mas dessa vez, não era de tristeza. Dessa vez, era apenas porque a luz do sol batia forte neles, batia tão forte, que me obrigava a sorrir, e assim, cada vez mais, iluminar meu interior.
Quase sem poder enchergar, fixei meus olhos para o horizonte e vi um rosto. Um rosto ao qual tive a impressão de que já tinha visto antes. Um sorriso ao qual imaginei já ter visto antes. Olhos que eu imaginei já ter visto antes. Uma voz, que imaginei já ter escutado antes. Porém, tudo era diferente. A semelhança só me mostrava a diferença.
Mesmo com toda a luz e toda a diferença, eu ainda sentia o frio atrás de mim. O frio que ainda estava dentro do meu quarto, alí, atrás da janela. Esse frio se chamava medo e insegurança.
Tentei seguir em frente, sair alí mesmo pela janela, mas ouvi alguém me dizer que se eu arriscasse tão rapido, me perderia rapidamente também.
Resolvi ficar parada, porém, aquele corpo desconhecido completamente conhecido se aproximava, fazendo com que eu conseguisse enchergar cada vez mais seus olhos, sorriso, e que escutasse melhor sua voz.
Algumas vezes a insegurança me fez dar um passo pra trás, rumo a escuridão, mas eu me segurei e me mantive firme, até que pudesse ver seu rosto por completo.
Agora que vejo quase tudo, te peço, não me decepcione. Não quero retomar ao quarto escuro. Não quero dar um longo passo de volta pro meu pesadelo.
O sol brilha, eu quero vê-lo, mas tenho medo. Tenho muito medo. Tenho insegurança atrás de mim.
Agora me faz três pedidos e três promessas. Com seus três pedidos, eu me sentirei mais segura. E com suas três promessas, eu não sentirei mais medo, e me entregarei de vez a luz do sol brilhante, reluzente, pra poder assim, sentir a chuva caindo sobre nossos corpo, enquanto dançamos uma valsa eterna, um movimento contínuo, que não depende apenas do corpo, mas também, de uma poça de água que agora cerca meu coração.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Medo.
Insegurança? Psicologico?
Covardia... Covardia.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Eu queria que você morresse. Queria que você desaparecesse. Queria que você fosse atropelado, que um raio caisse na sua cabeça. Queria te odiar ainda mais do que já te odeio. Queria que todos seus amigos se revoltassem contra você. Queria que você ficasse sozinho, sem ninguém. Queria que você perdesse o emprego. Queria que você perdesse seus pais. Queria que você perdesse sua beleza. Queria que você perdesse tudo. Queria que você nunca mais conseguisse beijar ninguém. Queria que ninguém mais se interessasse por você. Queria que o mundo inteiro cuspisse em você. Isso tudo, porque eu ainda te amo. Te amo tanto, que te odeio. Te odeio ao ponto de te desejar todo o mal do mundo. Mas na verdade o que eu mais queria, era te ter de novo ao meu lado.
Não me deixe mais paquerar qualquer cara bobo, mal vestido, sem assunto e sem magia só porque preciso de algum bosta me ligando pra me sentir mais mulher. Isso é coisa de gente imoral, de gente com mais medo da solidão do que o auge do meu medo da solidão. Não me deixe mais confundir amor com ego e ficar aprisionada tantos bons anos num rapaz tão comum. Comum ao ponto de eu querer ser tão comum quanto ele só porque, para mim, isso é ser diferente.


Por: Tati Bernardi

domingo, 3 de janeiro de 2010

Gostaria de reformular meu pensamento sobre amor. O amor é apenas um sonho, misto de 50% medo, 50% mistério.E quando ele chega ao fim, é como qualquer sonho em qualquer noite. Você vê que tudo não passou de um sonho, triste ou não, mas nada daquilo era real. Você pode se sentir aliviado ou não, mas há aqueles que gostariamos de voltar pro mesmo "sonho". O que não é possível. O amor acaba, a poeira abaixa, e você se vê frente a frente a alguém que não te ama mais, e que talvez até tenha te usado. Reflita mil vezes antes de entrar em um amor, assim como você faz antes de dormir.