sexta-feira, 5 de março de 2010

... E logo após sentir a brisa batendo em meu rosto, pude abrir os olhos e ver que o pesadelo havia acabado. Que o dia já estava bem no alto do céu. Que todo aquele "pra sempre", se foi em questão de tempos, de um pesadelo. Um pesadelo constante. Mesmo abrindo os olhos, as memórias me faziam recordar, me faziam querer sofrer por algo, que já não fazia sentido, então eu sorria pra poder deixar a luz do céu entrar dentro do meu corpo. Acreditava eu, que assim, meu coração poderia se derreter de todo o gelo que encobria sua circunferencia.
Meus olhos lacrimejavam. Mas dessa vez, não era de tristeza. Dessa vez, era apenas porque a luz do sol batia forte neles, batia tão forte, que me obrigava a sorrir, e assim, cada vez mais, iluminar meu interior.
Quase sem poder enchergar, fixei meus olhos para o horizonte e vi um rosto. Um rosto ao qual tive a impressão de que já tinha visto antes. Um sorriso ao qual imaginei já ter visto antes. Olhos que eu imaginei já ter visto antes. Uma voz, que imaginei já ter escutado antes. Porém, tudo era diferente. A semelhança só me mostrava a diferença.
Mesmo com toda a luz e toda a diferença, eu ainda sentia o frio atrás de mim. O frio que ainda estava dentro do meu quarto, alí, atrás da janela. Esse frio se chamava medo e insegurança.
Tentei seguir em frente, sair alí mesmo pela janela, mas ouvi alguém me dizer que se eu arriscasse tão rapido, me perderia rapidamente também.
Resolvi ficar parada, porém, aquele corpo desconhecido completamente conhecido se aproximava, fazendo com que eu conseguisse enchergar cada vez mais seus olhos, sorriso, e que escutasse melhor sua voz.
Algumas vezes a insegurança me fez dar um passo pra trás, rumo a escuridão, mas eu me segurei e me mantive firme, até que pudesse ver seu rosto por completo.
Agora que vejo quase tudo, te peço, não me decepcione. Não quero retomar ao quarto escuro. Não quero dar um longo passo de volta pro meu pesadelo.
O sol brilha, eu quero vê-lo, mas tenho medo. Tenho muito medo. Tenho insegurança atrás de mim.
Agora me faz três pedidos e três promessas. Com seus três pedidos, eu me sentirei mais segura. E com suas três promessas, eu não sentirei mais medo, e me entregarei de vez a luz do sol brilhante, reluzente, pra poder assim, sentir a chuva caindo sobre nossos corpo, enquanto dançamos uma valsa eterna, um movimento contínuo, que não depende apenas do corpo, mas também, de uma poça de água que agora cerca meu coração.

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